Foi aos trancos e barrancos que a Câmara dos Deputados aprovou na madrugada de hoje a continuação do processo de impedimento da Presidente Dilma Roussef.
Após uma sessão extensa e conturbada, com direito a xingamentos, ameaças e cusparada, os deputados, em sua maioria, consagraram a vitória em dar continuidade ao processo de impeachment da Presidente Dilma, acusada de cometer crime constitucional de pedalada fiscal, previsto nos Art. 85 e Art. 86 da Constituição Federal de 1988.
A bancada do PT junto aos seus apoiadores não tiveram quórum suficiente para barrar a continuidade do processo, tendo apenas 167 votos a seu favor, onde precisavam ter 172 votos, o equivalente a 1/3 mais um voto, para conseguir impedir a tentativa da oposição de aprovar o processo.
A Sessão contou ainda com vários momentos exaltados por parte dos deputados contra e a favor do Governo. No início da sessão, parlamentares contra o impeachment estenderam uma
enorme faixa com a frase “Fora Cunha” para protestar contra o presidente
da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Irritado, o peemedebista exigiu
silêncio dos parlamentares.
Em seu discurso no púpito, o vice-líder do governo na Câmara, deputado
Silvio Costa (PT do B-PE), disse ter "nojo" do vice-presidente Michel
Temer por querer "arrancar" o mandato de Dilma e chamou Cunha de
"cachorro morto".
Em seu voto contra o impeachment, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que o Presidente da Câmara dos Deputados é um gâgster e que o que dá sustentação a sua
cadeira cheira a enxofre. Disse ainda: "Eu voto por aqueles que nunca escolheram o
lado fácil da história. Voto por Marighella, por Plinio de Arruda
Sampaio, por Luis Carlos Prestes, eu voto por Olga Benário, eu voto por
Zumbi dos Palmares, eu voto não."
Os próximos passos do impeachment
Ao contrário do que muitos pensam, a Presidente Dilma não é obrigada a deixar o Palácio do Planalto imediatamente.
O que se sucedeu na madrugada de hoje foi que a Câmara de Deputados autorizou a abertura do processo de impeachment contra a Presidente e agora este será analisado pelo Senado que irá indeferir ou não pela continuidade do processo, conforme havia estabelecido o Supremo Tribunal Federal.
A previsão é que o processo chegue ao Senado ainda hoje e que seja contemplado na pauta de amanhã, terça-feira, dia 19 de Abril de 2016.
Embora seja bastante improvável que os senadores votem contrariamente à decisão da maioria dos deputados, é possível uma decisão inversa seja confirmada.
A previsão é de que até o dia 5 de Maio de 2016 os senadores deêm o seu parecer sobre o impeachment. Caso o Senado valide a decisão do impeachment, a Presidente Dilma deixará o cargo por 180 dias e será substituída pelo vice-presidente, Michel Temer.